As amígdalas cerebrais, localizadas no interior dos lobos temporais, compõem uma parte essencial do sistema límbico e estão diretamente envolvidas no processamento e na regulação de emoções, especialmente as relacionadas a medo, prazer e alerta. Sua função primordial está na atribuição de valor afetivo aos estímulos que recebemos do ambiente, sendo um dos principais núcleos cerebrais na modulação da memória emocional.
Diferentemente do hipocampo, que organiza e consolida memórias declarativas, as amígdalas selecionam, com base em critérios evolutivos, quais experiências devem ser emocionalmente marcadas e, portanto, retidas como relevantes para a sobrevivência ou para o comportamento social adaptativo. Elas operam como um filtro neurobiológico, sinalizando ao cérebro quais eventos devem ser reforçados na memória e quais podem ser descartados, mesmo que inicialmente pareçam intensos.

Por que esquecemos momentos intensos?
Esse processo explica por que muitas pessoas esquecem com relativa rapidez determinadas experiências emocionalmente intensas, como um espetáculo musical. Embora o evento seja envolvente e provoque excitação sensorial, o cérebro pode classificá-lo como não essencial do ponto de vista funcional ou adaptativo.
A ausência de uma ameaça real ou de um significado pessoal profundo reduz o envolvimento de circuitos de consolidação prolongada, levando à formação de uma memória frágil ou superficial. Esse é um exemplo de economia sináptica, uma estratégia cerebral que prioriza a retenção de experiências com maior potencial de impacto para decisões futuras.

O que é realmente útil (para o cérebro)?
Neuroimagens funcionais demonstram que a ativação das amígdalas se intensifica quando o indivíduo vivencia emoções fortes associadas a estímulos relevantes. No entanto, a retenção dessas memórias depende da interação com outras estruturas, como o córtex pré-frontal medial e o hipocampo.
Essa dinâmica revela que não basta um estímulo emocional isolado para garantir que a experiência seja registrada com profundidade. É necessário que o cérebro perceba o conteúdo como útil, seja para proteção, aprendizado ou estruturação da identidade.
A compreensão do papel seletivo das amígdalas ajuda a interpretar por que o cérebro humano não retém tudo o que sente. Esquecer certos episódios intensos não é um sinal de falha da memória, mas sim uma demonstração de que o sistema nervoso prioriza a eficiência e não a saturação. Nesse sentido, o esquecimento de um show pode representar uma resposta adaptativa normal, e não um déficit cognitivo.
FONTE:TECMUNDO
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