Quem recebe a recomendação de vídeos de saúde e bem-estar na rede social TikTok pode ter assistido a clipes falsos, criados por inteligência artificial (IA) e com informações totalmente falsas. Essa é uma das conclusões de um novo levantamento da empresa de cibersegurança ESET.
De acordo com o relatório, já é considerada preocupante a quantidade de falsos profissionais da saúde ou influenciadores digitais criados com o uso de técnicas de deepfake. A criação fácil desse tipo de conteúdo e a dificuldade de serviços de redes sociais de identificarem e banirem as contas faz com que o problema não seja resolvido tão facilmente.
Na intenção de vender produtos sem eficácia comprovada de forma científica ou simplesmente gerar engajamento para as contas, esses perfis podem prejudicar tratamentos reais de pessoas com alguma condição médica e impedir uma melhora real de sintomas.
Os vídeos de falsos médicos no TikTok
Na pesquisa da divisão da América Latina da ESET, foram encontrados mais de 20 perfis no TikTok e no Instagram usando falsos médicos gerados por IA para vender produtos ou tratamentos. Vários deles foram tirados do ar depois da denúncia, mas outros são criados em ritmo acelerado e algumas das contas sequer foram removidas pela plataforma.
Os elementos mais comuns desse tipo de conteúdo são os seguintes:
- Os clipes simulam formatos reais de vídeo, com uma pessoa “recortada” na parte inferior da tela, com imagens passando ao fundo;
- A fala promove suplementos vendidos por um perfil específico ou cita produtos naturais como mais eficazes que remédios para certas doenças ou condições;
- O discurso dos falsos médicos inclui porcentagens irreais de eficácia e comparação com remédios existentes (como o Ozempic);
- Em casos mais graves, a aparência de médicos de verdade é clonada digitalmente para que ela fale algo escrito pelos donos do perfil.
- Vários dos rostos que aparecem nas postagens se repetem, já que são padronizados de ferramentas de criação de deepfakes.
Nos casos denunciados, boa parte dos falsos médicos tem uma fala com ar educado e culto, diz ter anos de experiência e ser especialista em nutrição, estética ou bem-estar. Porém, eles não apresentam credenciais que comprovem esse currículo — para além de um discurso em que a pessoa alega ter “descoberto” a eficácia de determinados produtos.
Como identificar um médico criado por IA
Com base no levantamento de perfis que criaram esses deepfakes de profissionais de saúde, a ESET também publicou dicas para ajudar você a não cair nesses golpes. Ao navegar entre vídeos nas redes sociais independentemente do tema, fique atento aos seguintes sinais:
- Falta de sincronia labial com fala, movimentação robótica ou erros básicos de dicção;
- Problemas na edição do conteúdo, imagens desfocadas ou mudanças bruscas na luz;
- Perfis criados há pouco tempo, com baixa quantidade de vídeos ou seguidores;
- Falas com promessas exageradas, como “cura milagrosa”, “resultados garantidos” ou “tratamento com 100% de eficácia”;
- Ausência de comprovação de que a pessoa é mesmo da área, como registros em conselhos de medicina.
Os deepfakes também já são usados de forma criminosa no Brasil para gerar conteúdos sexualizados de brasileiras. Confira os riscos desse tipo de atividade neste artigo do TecMundo.
FONTE:TECMUNDO
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